Silvio Santos

Senor Abravanel

Você conhece Senor Abravanel? Acredito que sim. Mas, certamente com outro nome. Afinal, Senor Abravanel não é a forma pela qual esse ícone do empreendedorismo brasileiro se tornou tão conhecido.

O início de tudo

Nascido no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro, no final de 1930, era filho de imigrantes judeus que chegaram à antiga capital federal uns anos antes. Sua mãe o chamava de “Silvio”. O menino Senor, ou Silvio, pode estudar na rede pública e se formou técnico em contabilidade.

Nessa fase da sua juventude, atuava como camelô e vendia capas para títulos de eleitor. Sua voz chamava atenção e ali começavam a surgir alguns de seus talentos como comunicador e empreendedor.

Serviu o Exército na Escola de Paraquedistas e iniciou trabalhos em rádios locais aos domingos, quando estava de folga do serviço militar. Uma dessas rádios era a Continental, em Niterói, o que o tornou usuário das barcas que cruzavam a Baía da Guanabara.

Percebeu que um serviço de músicas nas barcas era ótima oportunidade, e assim a aproveitou para empreender. Logo acrescentou venda de refrigerantes e um bingo. Com o sucesso nas vendas, aproximou-se de um diretor da Antárctica, sua fornecedora de guaranás.

Chegada em São Paulo

Pouco tempo depois, foi chamado pela rádio Nacional de São Paulo, e decidiu que se mudaria para a capital paulista. Seguiu praticando seus talentos de comunicador e empreendedor, mesclando programas de rádio com novos projetos, como uma revista e uma caravana de entretenimento que percorria circos e clubes aos finais de semana.

Em 1958 assumiu um projeto que vendia brinquedos a prazo. Os antigos sócios estavam endividados e Senor, já conhecido por Silvio, comprou a ideia (e o negócio). Nascia o Baú da Felicidade, que logo cresceria e incluiria também outros produtos, como eletrodomésticos.

Começo na televisão

Com seus talentos de comunicador e empreendedor, percebeu que o nascimento da televisão gerava incríveis oportunidades. Então, em 1960, adaptou o formato de suas caravanas de entretenimento à transmissão televisiva e estreou um programa na TV Paulista, canal 5.

Com enorme sucesso, assumiu o horário nobre dos domingos à tarde e a partir de 1963 o Programa Silvio Santos estava no ar. Alguns anos depois a TV Paulista virou TV Globo, e o sucesso de Silvio só aumentava, assim como sua capacidade de gerar receitas.

Já naquela época, realizava sorteios de móveis, eletrodomésticos e até carros, assumindo a concessionária Vimave.

Sua própria rede de TV

Silvio criou em 1974 seu próprio estúdio de produção de filmes e programas de TV, e sua fase dentro da TV Globo se aproximava do fim. Entre o final de 1975 e o começo de 1976, Silvio obteve a concessão da TVS Rio de Janeiro e saiu definitivamente da Globo.

Com a falência da TV Tupi, em 1980, lançou-se em campanha para obter a concessão do canal, embora enfrentasse a concorrência de grupos fortes, como Globo, Abril e Bloch. Venceu a concessão e assim nascia a TVS São Paulo e o Sistema Brasileiro de Televisão, o SBT, a sua própria rede de TV.

Crescimento extraordinário

Silvio seguiu sua rota de sucessos e crescimento extraordinário ao contratar grandes nomes da televisão, como Hebe Camargo, Carlos Alberto de Nóbrega e Gugu Liberato, o que permitiu que novos programas de auditório fossem lançados e atingissem índices de audiência importantes.

Programas e produtos fizeram a família SBT prosperar, com destaque para o Topa Tudo por Dinheiro, a Tele Sena, o TeleTon (com doações à Associação de Assistência à Criança com Deficiência, a AACD), o Show do Milhão e a Casa dos Artistas.

O faturamento do SBT, e a fortuna pessoal de Senor Abravanel, apresentavam notórias curvas ascendentes. Por exemplo, calcula-se que apenas a Tele Sena rendeu em 1993 cerca de 40 milhões de dólares.

Homenagens, poder e responsabilidades

Com a fama e um legado robusto já construído, passou a receber homenagens. Em uma delas, em 2001, Silvio foi inspiração para o samba enredo da Tradição, escola de samba carioca. O desfile pela Marquês de Sapucaí foi ovacionado pelo público, com Silvio em um dos carros alegóricos como destaque.

Esteve próximo do poder, incluindo tentativas de lançar-se candidato a prefeito de São Paulo em 1988, e a presidente em 1989, mas ambas não vingaram. Relacionou-se com praticamente todos os presidentes da República desde o fim da ditadura, e recebeu de Dilma Rousseff a Ordem do Mérito das Comunicações em 2016.

Ainda que tenha se visto envolvido em algumas situações difíceis, como a crise do Banco PanAmericano e a suposta prática de crime contra o sistema financeiro, Silvio assumiu suas responsabilidades e, ao vender o banco ao BTG Pactual, honrou os compromissos.

Tamanho e impacto social

O fato é que a história de vida de Senor Abravanel, ou Silvio Santos, é um exemplo de como talento e trabalho podem se combinar e gerar frutos especiais. Sua biografia é verdadeiramente única. Das barcas da Baía de Guanabara à propriedade de uma grande rede de televisão com cerca de 30 empresas associadas, a jornada é longa e pouquíssimos poderiam percorrê-la.

Ele o fez com tamanha fluência que até deixa a impressão que foi fácil. Salve Senor Abravanel, um comunicador e empreendedor brasileiro cujo tamanho e impacto social ainda precisa ser devidamente mensurado.

Posts Similares

4 Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *