Empreender: será que é pra mim?
Empreender: será que é pra mim?
Eu ouço essa pergunta com relativa constância. Muitas pessoas se manifestam com essa dúvida ao saberem que empreendo desde o começo do século XXI, mais precisamente desde 2004. Basta estar em uma festa ou evento social, como um aniversário ou reunião de amigos, e ser apresentado a alguém que eu não conhecia.
A conversa começa, as pessoas falam o que fazem profissionalmente e quando eu conto que tenho minha própria consultoria e empreendo, bingo! É quase certo que a pergunta virá…
Tenho plena consciência que a pergunta não é para mim, mas uma espécie de autoquestionamento que a pessoa está se propondo em voz alta. Eu sirvo apenas de espelho, ou como um possível modelo a ser analisado e, quem sabe, copiado ou seguido. Via de regra, considerando que essas pessoas são da minha geração e já passaram dos 50 anos, há uma segunda pergunta que virá na sequência: “acho que já estou velho(a) pra começar, né?”.
Responder com perguntas
Quase sempre eu respondo “por que não?” para a primeira questão, e “será?” para a segunda. Confesso que se trata de um hábito construído desde minha formação em coaching há quase 10 anos. Desde aquela época, percebi que muitas perguntas merecem outra pergunta como resposta .
Isso é a essência do coaching enquanto metodologia de ensino – fazer perguntas com intuito de indicar possibilidades, não certezas. A pergunta gera reflexões mais profundas e instigantes do que a maioria das respostas. E leva a pessoa a questionar possíveis pressupostos equivocados, lançando os alicerces de novas perspectivas, mais elaboradas e adequadas ao momento presente.
As duas perguntas sobre se empreender seria para si mesma(o) e se a idade impediria uma tentativa de começar são geralmente a expressão de pressupostos equivocados quanto às próprias competências (para empreender) e quanto à idade (para começar).
Certezas e Possibilidades
Um ponto central para empreender é conseguir lidar com menos certezas e mais possibilidades. Explico-me: quem faz carreira como CLT se acostuma com um determinado salário ao final de cada mês. Eis uma certeza, desde que o empregador cumpra suas obrigações, é claro. A possibilidade de não ter esse dinheiro na conta corrente na data habitual é aterrorizante para essas pessoas.
Por outro lado, ao empreender o resultado é incerto e precisará ser alcançado todo mês. Na data habitual do pró-labore (ou da retirada de lucro, não importa como você chame esse fluxo de dinheiro que o empreendedor estabelece consigo mesmo/a), pode ser que não existam recursos na conta corrente do negócio e, portanto, não seja possível o pagamento do pró-labore. Quem empreende sabe do que estou falando…
Mas, pode ser também que existam muitos recursos. Um volume equivalente a dois ou mais “salários” (no comparativo com a situação da pessoa que é CLT). As possibilidades de escassez precisam ser relativizadas posto que existem iguais possibilidades de abundância. E essas últimas são bem instigantes!
Percebe como a relação entre certezas e possibilidades gera desafios a quem empreende? Trata-se de um constante exercício de autoconfiança e disciplina para gerar resultados e abundância. E, ainda assim, sem grandes certezas. Mas, simultaneamente, repleto de possibilidades.
Aliás, poucas coisas na vida são certezas. O antigo ditado norte-americano fala em impostos e morte; todo o restante são possibilidades. Se o ditado está certo ou errado, também não é uma certeza. Mas reforça que precisamos aprender a lidar com possibilidades. Empreender é uma delas. E independe da idade, da formação acadêmica e de tantas outras condições. Os casos de pessoas que começaram do aboluto zero e fizeram enorme sucesso comprovam o que eu disse acima.
Para encerrar, um convite: se você ainda não empreende, mas cogita iniciar, analise o quanto você está preparado para conviver com essa dinâmica entre certezas e possibilidades.